Por: Gazeta do Povo | Data de publicação: 06/07/2021
O setor de educação se transforma em velocidade igual — ou até superior — a outros segmentos fortemente impactados pela pandemia de covid-19. Prova disso está nas startups que, ao migrarem a sala de aula para o ambiente online, têm tirado vantagem do novo momento da educação para trazer ao mercado soluções inovadoras e milionárias, capazes de atrair olhares de grandes empresas e grupos educacionais. Como é o caso da Conquer, startup de cursos online que foi adquirida pela gigante Wiser, dona da rede de ensino de idiomas Wise Up.
A fórmula digital, ao que tudo indica, tem funcionado. De acordo com o hub de inovação Distrito, as edtechs brasileiras já receberam US$ 222,5 milhões em investimento apenas neste ano, número sete vezes superior ao montante captado no ano passado, quando receberam US$ 29 milhões.
Alguns aportes trazem mais robustez a esse cálculo. É o exemplo da Descomplica, que levantou, em fevereiro, uma rodada Série E de R$ 450 milhões liderada pelo SoftBank e Invus Group.
Para além das cifras, o GazzConecta elaborou uma lista com seis edtechs brasileiras que têm revolucionado o mercado educacional do país e que, com seus modelos de negócios, têm sido responsáveis pela intensa evolução e maior representatividade do setor no mercado de capital de risco brasileiro. Veja abaixo:
DNC Group
A DNC Group é uma edtech voltada à formação profissional complementar. O objetivo é ir além da formação hoje dada pelas instituições de ensino, e capacitar o aluno para o novo contexto do mercado de trabalho. Para isso, a startup oferece cursos de curta duração, aqueles mais ágeis aos comparados com as graduações e pós-graduações, que ensinam aos alunos as habilidades do futuro. A pandemia refletiu positivamente na empresa: em um ano, o número de alunos da startup triplicou, de 1.800 em 2019 para 6.857 em 2020.
Com a metodologia própria, a DNC Group já impactou mais de 15 mil alunos, e tem hoje cerca de 7 mil alunos ativos. Para dar ainda mais fôlego à operação, a empresa acaba de captar R$ 1,1 milhão em uma rodada de investimento anjo liderada pelos fundadores das empresas Cuponomia, Antônio Miranda e Vinicius Dornela, e Marcelo Abritta e Marcelo Vasconcellos, fundadores da Buser, que também recebeu um aporte recentemente, no valor de R$ 700 milhões.
mLearn
A mLearn Educação Móvel é uma startup mineira também especializada em cursos para a nova economia, ou seja, para as competências profissionais necessárias para o novo cenário econômico. Fundada em 2013, a edtech tem hoje como carro-chefe a plataforma Qualifica Cursos, um aplicativo educacional com mais de 120 cursos de desenvolvimento profissional e pessoal.
Com a chegada da pandemia e o impacto causado nas relações de trabalho, a empresa registrou um crescimento de 220% no uso da plataforma em 2020. O bom resultado foi responsável por um faturamento anual superior aos R$ 3 milhões – número que a empresa espera dobrar até o final de 2021.
Kenzie Academy
Na lista de edtechs que aquecem o mercado de venture capital no país, a Kenzie Academy, escola de programação, também marca presença.A startup é especializada na formação de programadores – profissão com número crescente de vagas e que ao mesmo tempo carrega um grande déficit no ambiente corporativo. Um dos principais diferenciais da edtech é a adoção de uma metodologia que permite aos alunos o pagamento do curso apenas após a formação e se for empregado na área de tecnologia, com remuneração mensal mínima de R$ 3 mil.
Em abril, a Kenzie Academy anunciou o recebimento de um aporte de R$ 8 milhões, liderado pela E3 Negócios e que viria para acelerar o crescimento da startup e suas ferramentas no país.
Conquer
Comprada pela holding de educação Wiser, a Conquer, escola de negócios, consolida um plano mais extenso da gigante do setor rumo à digitalização — além de exibir ao mercado o interesse crescente na compra de empresas de tecnologia menores. O valor da transação não foi divulgado mas, segundo a Wiser, grupo que reúne as marcas Wise Up Online, Wise Up, Number One, meuSucesso.com, Power House e Buzza, a aquisição incorpora uma verba de R$ 1 bilhão para novas compras nos próximos três anos.
Fundada em 2016, a Conquer foi uma das pioneiras a mirar a nova economia e oferecer cursos digitais com as habilidades profissionais. Os temas centrais dos cursos oferecidos pela plataforma são: inovação, liderança, gestão, tecnologia, transformação digital, negociação e vendas. Até pouco tempo atrás, a atuação da escola era presencial. Com a pandemia, porém, o modelo digital com aulas ao vivo e gravadas já impactou mais de 1 milhão de pessoas em 80 países em 2020 e foi responsável por um faturamento 100% superior ao visto em 2019, na casa dos R$ 35 milhões.
Tera
Já em 2021, a Tera atraiu a atenção do unicórnio Arco Educação, que decidiu investir na startup seguindo uma tendência que mostra o interesse crescente por startups de educação entre as grandes empresas do setor. Fundada em 2016 pelo empreendedor Leandro Herrera, a startup tem como propósito criar um “match” perfeito entre empresas e profissionais realmente capacitados para a nova economia. A intenção da edtech é formar, em até seis meses, qualquer profissional que queira se especializar em áreas como gestão de produtos, marketing digital, experiência do usuário e análise de dados. Até hoje, mais de 6 mil alunos já foram formados pela metodologia da Tera.
Descomplica
A Descomplica carrega hoje o mérito de ter recebido o maior aporte da história entre as startups de educação da América Latina. Isso aconteceu em fevereiro, quando a empresa captou R$ 450 milhões em uma rodada liderada pelos fundos SoftBank e Invus Opportunities e que também envolveu nomes como o de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, e o guitarrista The Edge, da banda de rock U2.
A Descomplica surgiu da ideia despretensiosa de ajudar alunos prestes a fazer o vestibular, com vídeos curtos e de diversas disciplinas no YouTube. O projeto deu certo e, no ano passado, a empresa deixou de apenas oferecer as aulas onlines preparatórias para também se tornar, ela mesma, em uma faculdade digital. A estratégia ganhou novo fôlego no último mês, quando a Descomplica anunciou a compra do centro universitário paranaense UniAmérica.
Com a aquisição, a Descomplica vai lançar 18 novos cursos de graduação, entre eles o de gestão comercial; gestão de dados; gestão financeira; gestão pública e marketing.